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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Duo de Solidão - Ednalva Ferreira e Hildebrando Menezes




Um canto de solidão a duas mãos
Nalva & Hilde

Hoje olhei para o meu próprio olhar
Eu vi bem no fundo dos meus olhos...
A minha imagem saindo lá de dentro
Vindo à minha direção... Chamando-me

E não era um sonho... Nem pensamento

Era um poema aquecendo o momento
Foi tão triste... Vê-lo aqui aparecendo
Numa forma tão intensa... Pelo brilho...
Só me resta embebedar-me de silêncio

Na súbita perplexidade me adentrando

Pela mente incessante... Aprofundando...
Os sentimentos que andam me invadindo
Nele... Vejo os lamentos que até então
Não me havia permitido ver pela solidão

Por não ter parado para ver a situação

Como mesmo me encontrava... Sem ação
Então me tomei de súbita perplexidade
Posto que ali vi um ser só! Na ansiedade
Desconhecido! Diverso do perfil desenhado

Ao revés das alegrias dantes demonstradas...

Senti nas faces uma dor resignada, quase serena
Como se lágrimas rolassem quentes... Almas adentro...
E autorizei-me um traço do egoísmo de poder sofrer
Atormentado pelas injustificadas dores e saudades

Sim... Sei que são meramente sentimentais...

Sinto a noite adentrando e formulando
Um céu sem lume... Nem vaga-lume
Que coloque qualquer brilho que ilumine
E deixo-me levar... Embora forte e doce

Embora... Não vislumbre chave que abra

Possa libertar-me do que sinto de agonia...
Não imaginei experimentar tamanha tristeza
Antes dos revolucionários contentamentos...
E o gosto que me restou desses momentos

Foi tão intenso quanto sutil... Acorrentando

Numa miscelânea de dúvidas... Assaltando
Implacáveis insistem viver me condenando
Furtando argutas respostas ao sofrimento
Eternamente impalpáveis... Delatando...

Os pedaços desencaixados desta vida
Tal que nunca me bastou dar guarida
Porque dela não me sirvo nem completo...
Por isso sondo este canto em desarmonia

Compassos acéfalos, contracantos desafinados

Arranjos desentoados a tragar-me os ouvidos nus
E essa vontade de ir embora de mim, voar ao céu
Fugir ao nada desse acorde dissonante que ensurdece
Dor apavorante que presenciei da visão que esmaece

De o marejante olhar, fraquezas que outrora...

Nunca me permiti... Ir tão fundo, bem profundo
Portanto esta melodia a se impor em solo voraz
É medonha! Sinfonia nos tablados do inquieto...
E inconformado existir que elegeu esta voz rouca

Inexpressiva e sem descanso pra este canto de ser só

De não partir nem de ficar, feito arranjo inacabado...
Inesperado, sem autor, e eleito curvo-me às notas
Que se impõem sem piedade... Andando soltas...
No esforço desesperado de expressar o que é sentir

A lancinante solidão calada que insiste em invadir.

Duo: Nalva & Hilde

Ednalva Ferreira e Hildebrando Menezes


Aqui mais uma obra poética para se ver, ouvir, sentir e refletir tendo só o silêncio como companhia ao som de uma música terna e maravilhosa. É uma verdadeira viagem ao seu interior retirando de lá o que há de mais profundo, denso e sofrido que ao final da audição me trouxe uma PAZ inexplicável e inenarrável, mas que foi bem elaborada pelas mãos e sentimentos dessa sempre inigualável ENISE BARROS. Ficou SHOW! Dez********** Hilde

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