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sábado, 11 de dezembro de 2010

POETA É POESIA!




Tela: O Pensador - Tânia Maria de Souza

Poetizar é tornar-se oferenda à vida em seu dom de criação.
Isso se dá na admirável plenitude do ofertório e seus aguçamentos.
E a poesia é resultado da entrega plena a essa comum união.

Ser poeta é fazer vir à tona pensamentos; é refinar sentimentos.
Quando deles percebe-se à magia, o lampejo, à vibração.
Impulsiona de dentro pra fora e aflora e de lá se aprimora.

É expressar o espírito em tela mental de contemplação.
Nesse ciclo não se está imune ao temor e destemor da dor criadora.
Ser poeta é mergulhar silenciosamente em seu mar de si.

Poetizar é atentar para o óbvio que se doa e que se põe à revelação.
É sentir acender uma centelha adormecida de dentro que te sorri.
E dali ganhar força e corpo e se manifestar na comunicação.

É alavancar a sensibilidade fazendo espírito e inspiração fluir.
Desse processo ora quieto, ora irrequieto à palavra se presta.
Tudo acontece nos meandros e labirintos neurais a se abrir.

É chamar a atenção aos sentimentos, na emoção que se manifesta.
Um ser, movimento que desestrutura seu epicentro, aviva sua acuidade.
O simples e o abstrato alimentar-se pela sua viril intuição.

Poetizar é buscar no intimo, no âmago, sua criatividade.
É possuir e entender-se no seu melhor, o Dom da revelação.
O ideal então se põe e dispõe pelas vias da imaginação.

O ficar em sintonia com o universo, usando sua tenacidade.
Doação maior que transforma o pensamento em inspiração.
E as peças do mosaico ligam-se dando nexo à expressividade.

Ser poeta é olhar com olho divino, à vida em sua imensa vastidão.
Vem como eco de uma voz que te chama à expressão em claridade.
É a sutileza nos diversos pontos de vista, em grandeza e percepção.

Do monólogo interior surge o diálogo dando a ti à fecundidade.
É ter espírito aguçado da essência do pressentimento em expansão.
O fio lógico então se dá no nexo causal unindo as dispersas partes.

É sentir-se em instante iluminado, em sua letargia de reflexão.
É de repente sentir-se nu diante da sua insustentável leveza d’artes.
Descortina-se aí a necessidade de ligar e amalgamar cada elo.

Poetizar é intensidade das emoções; é vestir-se de transparente véu.
Na dança do ventre, da mente, santa e profana ao som do violoncelo.
E na luminosidade da sabedoria, conjugar-se em sublimação ao léu.

É exercício de atar e desatar, abstrato e concreto em gestação.
Por esse caminho inóspito detonam-se regras e convenções.
E na euforia do ânimo, com prazer, achar-se em identificação.

Fecundo deleite de valioso conteúdo dos sentimentos em conexões.


Dueto: Lufague e Hilde
http://recantodasletras.uol.com.br/pensamentos/2664636
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